O FORTE
O Forte São Marcelo é uma das edificações históricas que definem Salvador. Erguido no início do século XVII sob planta circular (única em território nacional) foi o guardião náutico da antiga capital brasileira até seu tombamento histórico e inativação — 1938 e 1940, respectivamente. Em seus 317 anos de operação, foi palco de diversos episódios históricos como a Insurreição Pernambucana e a Guerra da Independência do Brasil.
A fortificação é hermética devido à sua natureza militar e permaneceu conhecida apenas por suas muralhas, já que está a 300 metros da costa da cidade. Ao longo da história, o forte passou por diversas modificações, extensões e adaptações. De instalação militar a prisão e destino turístico, o forte é forte e flexível o suficiente para abraçar novos programas e funções. Novas atividades culturais e de lazer se abriram à cidade e o Forte recupera uma presença programática adaptada às condições e usos contemporâneos.
O projeto de recuperação torna esse cartão postal da capital baiana acessível ao público como local de contemplação turística e histórica. Suas paredes agora abrigam um museu e também um espaço para eventos. Do alto de suas muralhas, obtém-se do mirante proposto uma perspectiva panorâmica única de Salvador e da Baía de Todos os Santos.
MUSEU
O forte está fechado em direção ao mar e ao intruso, e só se abre em seu verso: o lado que conhecemos, o lado que olha para a cidade. Um novo teto de vidro envolve o espaço do anel circular inferior, mantendo-o como espaço aberto definido apenas pelas paredes de pedra e o céu. A estrutura do teto é radial a partir do círculo interno, projeta-se além da parede interna e para de encontro à parede externa, apenas a cobertura de vidro atinge a parede externa, realçando a leveza, temporalidade e abertura da adição.
Os espaços do forte existem como espaços dentro das paredes, em vez de espaços entre as paredes. O espaço do forte é esculpido na massa. O teto protege o nível inferior do forte e cria um ambiente controlado contínuo para exposições nas salas existentes do forte.
INVISIBILIDADE INCLINADA ABERTA PARA A CIDADE – FECHADA PARA O OCEANO
Acima, um disco flutuante atua como cobertura e define o espaço para eventos, restaurante e café. A inclinação segue a arquitetura do forte, aberta para a cidade e fechada para o oceano. A inclinação preserva a silhueta do forte quando visto da cidade; mantém a visibilidade de todas suas linhas intactas para a cidade.
A cobertura segue todo o perímetro do círculo interno da planta. A abertura central rasga um pátio no restaurante que cria uma ilusão ótica de borda ardente. A fachada de vidro é recuada do perímetro, criando terraços cobertos e tornando a fachada invisível à distância. Os espaços internos do restaurante são fechados atrás de paredes curvas translúcidas, todas ligeiramente ondulantes acima do forte. As novas estruturas, de aparente leveza e fragilidade, contrastam com a massividade do forte existente. É densidade versus leveza.
Salvador, Bahia, Brasil Baía de Todos-os-Santos
5800 m2
Projetar uma fortificação em museu, mirante da cidade, restaurante e espaço para eventos
Pre-Executive
Adam Kurdahl
João Vieira Costa , Mariana Alves, Eugénio Cardoso, Viola Lambrughi, Diogo Madeira, Florent Prevost, Gabriel Spera
VS-A.KR
SUSTENTABILIDADE SDPLAN
VS-A.KR, Robert Jan van Santen